sexta-feira, 21 de maio de 2010

Despertar

Uma menina, a primeira... a primeira filha, a primeira neta, a primeira sobrinha.
Aquela que foi planejada, sonhada e esperada;
que foi assistida e que foi amada desde o primeiro minuto de vida;
protegida como uma boneca de porcelana; mimada como uma princesa; paparicada de uma forma única.
O tempo passa, as coisas mudam, ela cresce e precisa entender que as coisas não são exatamente da forma que ela gostaria que fossem;
E ela até entende, compreende que a vida muda, que as responsabilidades aumentam que as pessoas nos decepcionam, que príncipes encantados viram sapos e que a princesinha precisa acordar pra vida e perceber que aquilo tudo não é mais um conto de fadas.
Talvez o amor das pessoas com ela não mude de fato, mas a forma de tratar, de se fazer presente, de demonstrar, muda... ou talvez seja apenas a intensidade, a frequência que faz tudo parecer tão diferente...
Na essência, pelo lado racional, é até meio absurdo não entender que as pessoas têm responsabilidades, família, trabalho; e que tudo isso afasta e impede que as coisas continuem sendo como costumavam ser...
Ela sabe que o amor não é exclusivo, que as atenções não serão voltadas sempre pra ela, e que o mundo não gira ao redor das vontades, desejos e sonhos dela.
O que ninguém, e inclusive ela talvez, não entendem é que isso tudo é muito racional, e quando se trata de uma pessoa extremamente emocional e sensível as coisas não parecem ser tão fáceis de serem colocadas em prática.
Com o passar do anos tudo foi se modificando lentamente;
aquilo que era diário foi se tornando semanal...
o que era semanal foi se tornando mensal...
e o que era mensal, por "sorte" hoje é anual.
E ela nem se refere somente a distância;
Ela acredita que amor e carinho não são apenas transmissíveis de corpo presente, até porque as pessoas mais amadas estão distantes...
O problema é que por estarem tão distantes fisicamente, o mínimo que ela esperava é que se fizessem presente com maior intensidade, com maior fervor;
Talvez nada tenha mudado no fundo, e que a intensidade até seja a mesma, que as preocupações continuem existido, e que no fundo ela talvez ainda tenha um lugar privilegiado...
mas quando se trata de um ano dificil, com novos obstáculos, acarretados de uma série de decepções e "perdas", tudo fica muito mais complicado, e realmente dificil de aceitar...
o coração apertado clama por compreensão, chora por desespero, e simplesmente espera um abraço, um carinho, ou qualquer coisa que o aqueça e que o faça se sentir seguro e protegido SEMPRE, assim como era no inicio.
Por vezes a garganta seca, os olhos ardem, o coração aperta e um sentimento ruim domina;
é a saudade, a falta, a NECESSIDADE de ter de novo as pessoas e tudo o que elas ofereciam constantemente.
Diante dos novos desafios, tudo se torna mais frágil e intenso;
muitas vezes sem saber qual a saída, qual a solução, tudo o que se espera é simplesmente uns minutos de volta ao castelo intocável dos contos, onde todos te entendem, te apoiam, te fazem sentir segura e pronta pra enfrentar o que quer que seja, contando que não seja enfrentar a dor de simplesmente não se sentir mais parte dessa história.

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